A terceirização e a flexibilização da economia, aliadas às taxas de desemprego e ao enfraquecimento dos sindicatos, foram alguns dos fatores que contribuíram para a precarização do trabalho e o consequente crescimento (e normalização) da escala 6×1, que exige que o trabalhador trabalhe seis dias consecutivos e tenha apenas um dia de folga, não permitindo que ele recupere as energias e mantenha um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional.
NÃO À ESCALA 6X1
A PEC da deputada Erika Hilton (PSOL) visa colocar fim ao regime de escala 6×1 atualmente permitido pela CLT. “Essa escala pode ser considerada um regime de “servidão moderna” e escancara o contínuo avanço da precarização das relações de trabalho no Brasil. Como uma pessoa pode ter vida pra além do trabalho dentro dessa escala?”, questiona o presidente da CTB-SC, Mateus Graoske. Mateus, que também é psicólogo clínico, ressalta os malefícios dessa escala para a saúde mental: “a jornada de seis dias consecutivos de trabalho leva a exaustão física e mental, além do isolamento social a que o trabalhador é submetido, gerando adoecimento como ansiedade e depressão.”
Para Mateus, é preciso uma ampla unidade do movimento sindical, das centrais e sindicatos de base na luta pelo fim da escala 6×1. “A grande maioria dos deputados federais hoje no Congresso Nacional é de representantes diretos dos setores da burguesia que lucram milhões com a exploração desse regime precário de trabalho, esgotando trabalhadores a troco de baixos salários. A escala 6×1 tem que chegar ao fim. Trabalhamos pra viver, não vivemos só para trabalhar”, reforça.
De acordo com Marcio Ayer, presidente dos comerciários do RJ e da direção nacional da CTB, a redução da jornada de trabalho sem redução de salários é uma proposta cuja discussão avança em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil, e que consideramos fundamental para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Apesar das resistências pontuais no setor patronal, o ganho coletivo é amplamente favorável para trabalhadores, empregadores e sociedade como um todo”,
MOVIMENTO VIDA ALÉM DO TRABALHO
O movimento VAT, Vida Além do Trabalho, iniciado em 2023 pelo trabalhador Ricardo Azevedo ganhou força e a campanha pelo fim da escala 6X1 ganhou as redes e as ruas. O abaixo-assinado online organizado pelo movimento já conta com mais de 1,6 milhão de assinaturas. Para assinar, acesse aqui.