Liderança em IA reflete superioridade do socialismo chinês sobre o capitalismo americano

Há poucas décadas atrás o domínio das novas tecnologias era um monopólio, e um privilégio exclusivo, das potências capitalistas ocidentais, reunidas hoje no decadente G7. Este monopólio está na raiz da divisão internacional de trabalho estabelecida entre o centro e a periferia do imperialismo, o capitalismo contemporâneo.

É precisamente esta divisão imperialista do trabalho entre as nações, pela qual os mais ricos se dedicam à produção de mercadorias industrializadas com alto valor agregado enquanto os mais pobres são condenados à produção de commodities, que está sendo implodida pela industrialização e vigorosa ascensão da China no xadrez da geopolítica mundial como um desdobramento natural do seu crescente poderio econômico.

A China já lidera, e de longe, no ranking da produção industrial, comércio exterior e também dos investimentos externos, com a aplicação de centenas de bilhões de dólares em obras de infraestrutura no ambicioso projeto “Um cinturão, Uma rota”, também batizado de nova rota da seda.

Agora, a exitosa potência socialista ganha a dianteira também no desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA).

Abalando os mercados

A startup chinesa DeepSeek está no centro das atenções e tem abalado os mercados globais de tecnologia. Recentemente, seu assistente de IA ultrapassou o ChatGPT como o aplicativo mais bem avaliado na App Store dos EUA.

Segundo um relatório da casa de análise Bernstein, divulgado pela Business Insider, a DeepSeek tem precificando seus modelos de IA com valor 20 a 40 vezes menor que os equivalentes da sua rival OpenAI.

Observa-se uma diferença abissal de eficiência e competividade, que provocaram uma forte queda das ações de empresas estadunidenses de tecnologia em Nova York.

Por volta de 11h30 (de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,25%, a 44.311,24 pontos; o S&P 500 recuava 1,76%, a 5.994,50 pontos, e o do Nasdaq Composto tinha queda de 3,14%, a 19.329,22 pontos.

Assim, no mesmo horário, a Nvidia desvalorizava de 11,6% na bolsa americana, perdendo o posto de empresa mais valiosa do mundo.

Já a Alphabet, dona do Google, descia 3,86%. A Meta, do Facebook e do Instagram, recuava 2,26%.

O domínio das arrogantes big techs americanas foi colocado em xeque.

Eficiência a menor custo

A grande cartada da empresa chinesa tem sido a eficiência. O custo do treinamento, segundo a DeepSeek, é de US$ 5,6 milhões.

A empresa chinesa tem apenas um ano de vida e seu modelo, chamado R1, apresenta as capacitações das inteligências da OpenAI, Meta e Google.

A questão do baixo custo está relacionado ao fato de que a empresa tem conseguido crescer, apesar da redução do fornecimento de chips de alto processamento dos EUA para a China.

DeepSeek avança mesmo com gargalo de chips

Os analistas afirmam que a empresa chinesa utiliza chips de menor capacidade de processamento, e ainda assim consegue atingir eficiência semelhante aos concorrentes ocidentais.

Como efeito, a Nvidia tem visto seu valor de mercado cair. A empresa, com sede no Vale do Silício (EUA), capturou a posição de companhia mais valiosa do mundo na semana passada.

O fato de a DeepSeek estar conseguindo grandes resultados mesmo com o estrangulamento do mercado de chips de alto processamento, sobre os quais a Nvidia tem a liderança, tem assustado os investidores da companhia americana.

Então, para o mercado de ações americano, o timing não poderia ser pior. Esta semana tem relatório de apresentação de resultados das Sete Magníficas: Apple, Microsoft, Amazon, Nvidia, Alphabet (dona do Google), Meta e Tesla.

Baixa competitividade

O sucesso do modelo DeepSeek R1 e de seu aplicativo de IA colocou em xeque os grandes players de tecnologia nos EUA. O impacto foi tão significativo que, nesta segunda-feira (27), os futuros do Nasdaq caíram mais de 4%, com ações de empresas como Nvidia, Microsoft e Meta sendo diretamente afetadas.

Segundo a Forbes, o modelo do DeepSeek desafia a suposição de que são necessários chips avançados e caros para desenvolver IA de ponta. O uso de tecnologias mais acessíveis sugere que grandes empresas americanas podem precisar repensar suas estratégias, incluindo a redução de custos para se manterem competitivas.

São fatos que sinalizam a baixa competividade dos monopólios estadunidenses da internet e do modelo de desenvolvimento da tecnologia na maior economia capitalista do globo, hoje em notória decadência.

Tiro pela culatra

Ironicamente, a guerra tecnológica desencadeada pelo governo de Joe Biden contra a China, impedindo o acesso de empresas chinesas aos chips produzidos por empresas estadunidenses, tornou-se a principal causa para o desenvolvimento espetacular da potência asiática no campo da Inteligência Artificial.

Revelou-se um tiro pela culatra, conforme reporta o InfoMoney:

“As restrições de exportação dos EUA, que limitam o acesso de empresas chinesas a chips avançados como o Nvidia H100, foram o catalisador para que o DeepSeek desenvolvesse métodos inovadores e mais eficientes.

“Essa abordagem agora ameaça o domínio dos EUA no setor, enquanto demonstra a capacidade da China de inovar mesmo sob sanções.

“De acordo com Wendy Chang, analista de políticas do Mercator Institute, “o DeepSeek mostrou que não é preciso um orçamento gigantesco para criar modelos de ponta. Isso muda as regras do jogo para a IA global.”

É mais um fato que demonstra a superioridade do pujante socialismo chinês sobre o alquebrado capitalismo estadunidense, bem como o progressivo e irresistível deslocamento do poder econômico e geopolítico global do Ocidente para o Oriente.

As bravatas de Trump não vão reverter o processo de declínio dos EUA, provocado pelo parasitismo refletido no déficit comercial e na desindustrialização,  muito menos conter a ascensão da China, de modo que por meios normais já não é mais possível evitar a transição para uma nova ordem internacional. A possibilidade da guerra, porém, não parece fora do radar desta história.

 

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