Secretário de Combate ao Racismo da CTB MG é homenageado com diploma Laudelina de Campos Melo

O secretário de Combate ao Racismo da CTB Minas, Clauderson Black, foi homenageado nesta terça (18) com o diploma “Laudelina de Campos Melo”, honraria concedida a pessoas que guardam e promovem a cultura negra em Poços de Caldas (MG). A homenagem foi entregue durante sessão solene da Câmara Municipal em alusão ao Dia da Consciência Negra. 

Black é uma liderança do movimento negro brasileiro e atualmente, além de compor a diretoria da CTB Minas, é presidente estadual da Unegro (União de Negros e Negras pela Igualdade) e integra o comitê gestor do Plano Juventude Negra Viva – política do Governo Federal voltada à defesa da vida da juventude negra. Já foi dirigente da UJS Minas (União da Juventude Socialista) e da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas).

“Ser homenageado com um diploma que leva o nome de Laudelina é compreender que cada passo dado fortalece uma caminhada coletiva contra o racismo estrutural que ainda insiste em atravessar nossas vidas. É um chamado para seguir organizando, resistindo e transformando. A luta antirracista é urgente, necessária e inegociável.”

Para Valéria Morato, presidenta da CTB Minas, o combate ao racismo é primordial para a CTB. “É urgente que a gente avance no sentido de superar as desigualdades, inclusive no mercado de trabalho, em busca de empregos de qualidade, com melhores salários, de vida digna. Em nome do Black, eu parabenizo todos os negros e negras que fazem essa luta todos os dias.”

À frente da secretaria de Combate ao Racismo da CTB em Minas Gerais desde setembro, Black aponta que romper com um modelo de sociedade que “empurra a população negra para trabalhos mais precarizados e piores salários” é um desafio que deve ser encarado pelo movimento sindical. “O subemprego, a informalidade e a dificuldade de ascensão profissional não são escolhas individuais, são resultados diretos do racismo estrutural que ainda organiza o mercado de trabalho no país.” 

Ele cita dados recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostram que a renda média das pessoas negras corresponde a apenas 58% da renda das pessoas brancas no Brasil e um estudo da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), que aponta que mesmo entre pessoas com a mesma origem social, escolaridade e experiência, trabalhadores negros recebem 17% a menos que os brancos. “Se a desigualdade continuar diminuindo no ritmo atual, o Brasil levará mais de 300 anos para alcançar a igualdade salarial entre negros e brancos”, afirma. “Esses dados deixam claro que o problema não é falta de capacidade, não é falta de estudo: é racismo.”

Para ele, o grande desafio do Brasil é garantir que homens e mulheres negras tenham acesso a empregos dignos, salários justos e oportunidades reais de ascensão. “Isso só será possível com políticas públicas de combate ao racismo, ações afirmativas no mercado de trabalho, fiscalização das desigualdades salariais e a valorização da luta histórica de pessoas como Laudelina, que nos ensinaram que sair do subemprego é um movimento coletivo, e não individual.”

O diploma “Laudelina de Campos Melo” dialoga com essa luta. “Laudelina organizou sindicatos, criou associações e exigiu que o Estado reconhecesse o trabalho doméstico, um setor formado majoritariamente por mulheres negras, como trabalho digno e com direitos. O que ela enfrentava naquela época é, em grande parte, o que ainda enfrentamos hoje: um sistema que permite que trabalhadores negros trabalhem mais, ganhem menos e sejam menos valorizados.”

Em Poços de Caldas, Black coordenou no último mês, com o apoio da Rede da Igualdade Racial, a Caravana da Juventude Negra. A Caravana passou por diversas escolas do município promovendo debates sobre políticas públicas de promoção da igualdade racial e de inclusão e incentivando práticas para uma educação antirracista. 

Foram dias intensos de diálogo, escuta e construção coletiva. Passamos pelas escolas, pelos territórios e pelos espaços de convivência levando debates sobre identidade, direitos, futuro e pertencimento”, afirmou. “Cada roda de conversa reafirmou aquilo que sempre defendemos: a juventude negra quer viver, sonhar e acontecer. Seguimos com o compromisso de organizar, resistir e transformar, levando adiante a defesa da vida da juventude negra, da igualdade racial e de políticas públicas que garantam dignidade, oportunidades e proteção.”

 

Quem foi Laudelina de Campos Melo

Heroína da Pátria, Laudelina de Campos Melo nasceu em Poços de Caldas e foi pioneira na luta por direitos de trabalhadores e trabalhadoras domésticas no Brasil. Filiada ao Partido Comunista, fundou, em 1936, a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país em Santos (SP) e, posteriormente, o primeiro sindicato das Trabalhadoras Domésticas em Campinas (SP). Sua atuação foi fundamental para a organização da categoria na busca de direitos. Ela também militou na Frente Negra Brasileira (FNB).

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

CTB
Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência enquanto navega pelo site. Destes, os cookies que são categorizados como necessários são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Esses cookies serão armazenados em seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de cancelar esses cookies. Porém, a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.