Ávalos, que nasceu em Santa Cruz, afirmou que o atentado foi cometido na madrugada por desconhecidos. A residência do ministro também foi alvo de outro atentado com um coquetel molotov, ano passado, quando Ávalos era membro da Assembléia Constituinte que redigiu o projeto de uma nova Carta Magna boliviana, com o apoio do presidente Evo Morales.
Ele disse que, "felizmente", sua família não estava em casa, cujos vidros foram destruídos pelo impacto do explosivo e cuja fachada foi danificada.
O ministro disse que os grupos opositores conservadores de Santa Cruz o chamam de traidor da região, mas destacou que sempre se definiu como "um militante de esquerda e revolucionário" e há três anos apóia o presidente Morales.
"Não os traí porque nunca estive com eles", acrescentou o ministro, que foi empossado no cargo há uma semana para substituir Carlos Villegas, que passou à pasta de Planejamento.
O atentado ocorreu em meio aos conflitos entre partidários do governo Morales e da oposição, que se intensificou na semana passada e deixou ao menos 30 mortos em Pando (norte).
Reforma no gabinete
Na semana passada, Morales substituiu cinco ministros de seu governo, entre eles o da pasta de Hidrocarbonetos, em meio à crise política que afetou o abastecimento de gás boliviano ao Brasil, depois que opositores explodiram dois gasodutos.
O membro do partido governista MAS (Movimento ao Socialismo), Saul Ávalos, substituiu Carlos Villegas, que, minutos antes, reiterara que o abastecimento de gás para o Brasil e a Argentina estavam "normais" e "garantidos", apesar dos protestos da oposição.
Villegas volta ao cargo de ministro do Planejamento do Desenvolvimento, que ocupou antes de assumir a pasta que administra petróleo e gás no país.
Na pasta de Hidrocarbonetos, Villegas era visto como "moderado" por interlocutores de países vizinhos. Ávalos ficou mais conhecido durante a Assembléia Constituinte, da qual foi integrante e defensor das propostas do governo.
Em maio passado, ele foi designado pela administração central como "interventor" –equivalente a diretor, colocado pelo presidente– da CLHB (Companhia Logística de Hidrocarbonetos da Bolívia). A empresa foi nacionalizada e controla quase vinte locais de armazenagem de combustíveis, além de oleodutos, que abastecem o mercado boliviano.
Folha Online com agências internacionais